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Vale a pena operar um tendão do ombro rompido após os 70 anos?

  • Foto do escritor: Lucas Jacques Goncalves
    Lucas Jacques Goncalves
  • 25 de nov.
  • 3 min de leitura

A ruptura do manguito rotador é uma condição comum em idosos, especialmente em pessoas acima dos 70 anos. Estudos indicam que entre 60% e 80% dos indivíduos com mais de 80 anos apresentam algum grau de ruptura nesse tendão. Diante dessa realidade, surge uma dúvida frequente: vale a pena indicar a cirurgia de reparo do manguito rotador para pacientes idosos, considerando a alta chance de não cicatrização do tendão? Este texto explora os argumentos a favor e contra a cirurgia, além de discutir alternativas para o tratamento.


Vista em close-up do ombro mostrando a anatomia do manguito rotador
Imagem ilustrativa da anatomia do manguito rotador em paciente idoso

Por que a ruptura do manguito rotador é tão comum em idosos?


O envelhecimento natural do corpo provoca alterações nos tecidos, incluindo os tendões do manguito rotador. Com o passar dos anos, esses tendões perdem elasticidade, resistência e capacidade de regeneração. Isso torna o rompimento uma consequência esperada do envelhecimento, e não necessariamente um sinal de trauma ou lesão aguda.


Além disso, a vascularização reduzida e a degeneração progressiva dificultam a cicatrização espontânea do tendão. Por isso, muitos idosos convivem com rupturas parciais ou completas sem sintomas graves, enquanto outros desenvolvem dor e limitação funcional.


O que a cirurgia de reparo do manguito rotador oferece?


A cirurgia visa aproximar as bordas do tendão rompido para que ele cicatrize e recupere sua função. Em pacientes mais jovens, a taxa de sucesso é alta, com boa cicatrização e melhora significativa da dor e da mobilidade.


No entanto, em pacientes acima de 70 anos, a situação é diferente. O tendão envelhecido tem menor capacidade de cicatrização, e a chance de falha no reparo aumenta consideravelmente. Isso ocorre porque o tecido pode estar degenerado, retraído ou com má qualidade estrutural.


Mesmo assim, alguns estudos mostram que a cirurgia pode reduzir a dor mesmo quando o tendão não cicatriza completamente. Isso acontece porque a intervenção pode melhorar a biomecânica do ombro e diminuir a inflamação local.


Riscos e limitações da cirurgia em idosos


A cirurgia do manguito rotador em pacientes idosos apresenta riscos específicos:


  • Alta chance de não cicatrização: Tendões degenerados têm menor capacidade de se unir após o reparo.

  • Recuperação prolongada: O processo de reabilitação pode ser mais lento e difícil.

  • Complicações cirúrgicas: Infecções, rigidez articular e outras complicações são mais frequentes em idosos.

  • Resultados funcionais variáveis: Nem todos recuperam a força e a amplitude de movimento esperadas.


Esses fatores devem ser considerados cuidadosamente antes de indicar a cirurgia.


Alternativas não cirúrgicas que devem ser esgotadas


Dado o risco elevado de falha na cicatrização, é recomendável que pacientes com mais de 70 anos tentem primeiro tratamentos conservadores, como:


  • Fisioterapia: Exercícios específicos para fortalecer a musculatura do ombro e melhorar a mobilidade.

  • Medicação para dor e inflamação: Analgésicos e anti-inflamatórios podem controlar os sintomas.

  • Infiltrações: Aplicação de corticosteroides para reduzir a inflamação local.

  • Modificação das atividades: Evitar movimentos que agravem a dor ou causem sobrecarga no ombro.


Essas abordagens podem proporcionar alívio significativo e melhorar a qualidade de vida sem os riscos da cirurgia.


Quando a cirurgia pode ser considerada?


A cirurgia deve ser avaliada caso a dor e a limitação funcional persistam mesmo após o tratamento conservador adequado. Também pode ser indicada se houver ruptura extensa que comprometa a função do ombro de forma grave, ou se o paciente tiver boa saúde geral e expectativas realistas sobre o resultado.


É fundamental que o médico e o paciente discutam os riscos, benefícios e alternativas, considerando o estilo de vida, as comorbidades e as prioridades do paciente.




Considerações finais


A ruptura do manguito rotador em idosos é uma condição comum e esperada com o envelhecimento. A cirurgia de reparo pode trazer benefícios, especialmente na redução da dor, mas a alta chance de não cicatrização do tendão torna essencial esgotar todas as opções não cirúrgicas antes de optar pela intervenção.


Cada caso deve ser avaliado individualmente, com diálogo aberto entre médico e paciente, para escolher o melhor caminho que respeite a saúde, as expectativas e a qualidade de vida do idoso.


Se você ou alguém que conhece está enfrentando essa situação, procure orientação médica especializada e explore todas as alternativas antes de decidir pela cirurgia.



 
 
 

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© 2016 por Lucas Braga Jacques Gonçalves. Orgulhosamente criado com Wix.com

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